Muitas pessoas associam a arte marcial à violência ou filmes com Bruce Lee. Esse tipo de associação restrita ao combate ou aos cinemas acaba fugindo da realidade do praticante, que no seu dia-a-dia de artista marcial pratica a sua técnica com um sentido bem diferente.
Confesso que já fui leiga no assunto e venho prestar meu testemunho após 7 meses de treinos. Antes de iniciar as aulas, sabia que existiam diferentes técnicas, estilos e origens de artes marciais, mas sempre achei que o objetivo de todas elas era preparar para o combate. Essa visão me impediu de ter qualquer interesse em aprender alguma arte marcial anteriormente, tendo em vista que sou contra a violência e nunca pretendi aprender como bater em alguém.
Porém, inesperadamente, minha filha se interessou, o professor me convidou a fazer aulas com ela e eu acabei participando de uma aula teste. Ao entrar em contato com o professor, que deixou claro a filosofia associada à técnica desde o princípio, percebi que havia um universo que eu não conhecia, um mundo onde a arte marcial serve como caminho para o auto-conhecimento, a auto-superação e, portanto, o auto-aperfeiçoamento.
Estou engajada no caminho do kung fu estilo Louva-Deus do Norte, que tem sido muito gratificante. Vejo o meu aprendizado não como um fim, um objetivo a ser alcançado, mas sim como um meio, uma forma de encarar a vida. Sempre fui sedentária e, apesar de magra, não tenho força nem flexibilidade. Os exercícios de condicionamento físico treinam minha persistência, minha determinação. As sequências dos movimentos a serem memorizados, não só estimulam a memória, mas também me ensinam a ter disciplina, atenção, observar meu corpo no espaço e sua interação com os demais membros do grupo. Além disso, também tenho lido sobre a China, que tem uma cultura completamente diferente da ocidental, que difere não só pelas roupas, língua, escrita e costumes, mas, principalmente, pela diferença de valores. A tradição e sabedoria chinesas sempre foram algo distante para mim e o máximo de contato que eu tinha era através de alguma reportagem ou objetos "made in China".
Meu novo caminho despertou-me o interesse para essa cultura e os livros que tenho lido agregam valores a cada página. Portanto hoje, quando vejo o pouco que aprendi e imagino o quanto que ainda tenho pela frente, sei que precisarei de muita dedicação, mas também sei que a cada dia estou melhor do que o anterior e que a cada passo dado estou acrescentando algo para me tornar alguém melhor.