segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Gandhi (1869 – 1948)

Hoje assiti um monólogo: Monólogo Gandhi.
Primeiro falarei do monólogo e, posteriormente, colocarei um pouco da vida e pensamentos de Gandhi.
O monólogo foi apresentado pelo ator João Signorelli e reuniu, em 45 minutos, os momentos e pensamentos mais importantes da vida de Gandhi.
Tanto a proposta trazida pela apresentação quanto a execução do monólogo podem se resumir em uma palavra: excelente!
Se você tiver a oportunidade de ver, recomendo.
Cenas do monólogo:



Um pouco mais sobre o ator:

"João Signorelli, um artista servidor

"Nós devemos ser a revolução que queremos ver no mundo".
A mensagem é de Gandhi, mas a citação é do ator João Signorelli que, ao pisar no palco para personificar o líder espiritual, sempre leva em consideração os princípios éticos que norteiam sua vida e arte.
Com semblante tranqüilo o ator – um corintiano de 49 anos, nascido em Cambuquira, Minas Gerais – fala que o mais importante é valorizar o momento presente: "O melhor lugar do mundo é aqui e agora", diz ele, que também tem formação em jornalismo.
Tanto equilíbrio tem uma explicação: Signorelli pratica meditação e tai chi chuan há 25 anos. Esta característica pessoal é perceptível em sua atuação na peça “Gandhi - Um Líder Servidor”. O ator domina o texto, transforma as palavras em reflexões, cativa o público, encoraja-o a agir e, porque não dizer, ajuda-o a curar as mazelas da alma.
Com 33 anos de carreira, o ator conta que o trabalho inicial de preparação para a peça durou dois meses. Tempo este suficiente para que ele se tornasse capaz de descrever o líder indiano como se estivesse falando de um amigo: "Foi um líder pacifista, que libertou um país sem precisar dar um tiro, propôs um modo de vida completamente coerente com a natureza. É como se ele fosse chamado pela humanidade para falar sobre os conflitos entre o Oriente e o Ocidente. Ele aponta possíveis soluções para esse conflito. Ele discute muito a questão da ética, da conduta única e como ser verdadeiro e transparente no mundo de hoje".
Signorelli identifica-se com várias idéias de Gandhi e descreve a si mesmo. "Há a tentativa de ser um homem verdadeiro, justo e honesto na vida. É a tentativa de caminhar pela verdade, de tratar as pessoas com respeito e exercer um tipo de amor por todas as formas de vida”.
Em se tratando de sonho, Signorelli deseja que as pessoas ouçam as mensagens do Gandhi. "Eu acho que todo artista é um transformador capaz de interferir na realidade", pondera. Mas nem só com arte podem ser feitas as transformações, conforme a opinião do ator. Para a crise política, por exemplo, ele proporia que nas próximas eleições houvesse uma abstenção de votos. “Creio que se oitenta por cento da população não fosse votar, eles tomariam vergonha na cara e colocariam homens dignos para conduzir o Brasil".
fonte:

Pesquisando sobre o ator, achei um site que dá informações de como contatar o autor para solicitar uma apresentação:
"LEVE ESTE ESPETÁCULO PARA SUA EMPRESA
O Monólogo de Miguel Filiage tem sido apresentado em diversas Organizações Empresariais e Instituições Educacionais abordando o desenvolvimento e o fortalecimento da auto-motivação e da perseverança, a introdução de princípios ético-filosóficos nas relações humanas, a revisão da conduta única, a firmeza de propósitos, procurando mostrar como pequenas atitudes podem construir um ser-humano extraordinário.
PROJETO
O monólogo “Gandhi, um líder servidor” foi originalmente concebido para apresentação no FORUM LIDER RH realizado em São Paulo em junho/2003. A opção por esse personagem revela o crescente movimento, não do ambiente corporativo, mas da sociedade em geral, pela introdução de princípios ético-filosóficos nas relações humanas.Nas empresas, essa demanda se traduz em profundas mudanças de paradigmas. No caso da liderança, tema central daquele encontro e uma das questões mais debatidas nas áreas de administração e marketing, aos poucos, pode-se perceber um deslocamento de foco. Antes, as organizações enxergavam apenas resultados tangíveis, não importando o que tivesse que se feito para alcançá-los. Gradualmente, voltam a visão para a qualidade dos “recursos humanos” envolvidos, sabendo que os resultados virão inevitavelmente.Gandhi materializa essa nova consciência. Sua liderança nunca se baseou em autoridade ou coação. Acreditava que somente poderia pedir para as pessoas aquilo que ele mesmo pudesse fazer. Sabia que sua liderança viria do exemplo e do serviço. E os resultados simplesmente aconteceram. A força e a intensidade da sua biografia fizeram com que o projeto seguisse outros rumos, extrapolando as fronteiras do corporativo.Foram necessárias algumas adaptações no texto para enfatizar outros temas como o amor, a fé, a conduta única, a firmeza de propósitos, procurando sempre mostrar como pequenas atitudes podem construir um ser humano extraordinário. Afinal, a trajetória de Gandhi impressiona não somente pelos grandes feitos, mas principalmente por sua humanidade.Para mais informações, entre em contato com a Palestrarte (11) 5096-3222 info@palestrarte.com.br"
fonte:
As lições ofertadas durante o monólogo:

"“Estou aqui para despertar o amor.”
“Não entendo como podem muitas lideranças políticas, econômicas, empresariais, sociais, comunitárias serem tão fundamentalistas e, porque não, maniqueístas... Estamos fechados, prisioneiros de nós mesmos, e isto vale para qualquer área humana.”
“O despojamento, meus caros, deve prevalecer. Despojar-se dos próprios medos e ressentimentos e abrir-se para o encontro com o outro. É com a abertura do coração que a comunicação e a criatividade emergirão para resolver qualquer problema. “
“Estou aqui para convidá-los a refletir sobre as lideranças... Precisamos nos reeducar. Re-aprender a nos alimentar de amor por nós mesmos... O amor pavimenta os princípios morais, os quais precisam ser incluídos na fixação de metas, na seleção de estratégias e nas tomadas de decisões.”
“Quero despertar o amor nas pessoas de crenças diferentes. Todas as religiões são manifestações da verdade e pessoas de diferentes credos religiosos, de diferentes crenças, de diferentes métodos, devem e podem viver em paz e harmonia, com a promoção do respeito mútuo e da tolerância.“
“Não acredito que um líder possa progredir espiritualmente, enquanto aqueles que o cercam estão sofrendo. Ter uma conduta única significa alinhar totalmente a intenção com as ações; falar exatamente o que se promete; ser, enfim, o exemplo, e isso é ser líder espiritualizado.“
“É importante avaliar todos os dias as nossas atividades para evitar desviar-se do caminho. Isto também nos fortalece como líderes, porque passamos a ser referência para os outros.”
“A liderança que acredito é aquela baseada no serviço. Não posso acreditar que uma liderança baseada na hierarquia rígida provoque grandes mudanças no mundo de hoje. Quero compartilhar sobre o líder servidor, que é baseado no exemplo. O serviço deve ser conduzido nos limites dos valores morais. Deve ser, portanto, verdadeiro. Quando o líder estiver baseado no serviço verdadeiro, nem sempre irá dizer às pessoas o que querem ouvir. Quando achar que estão erradas, vai lhes apontar a direção correta e que nem sempre será bem aceita.”
“O foco do líder servidor sempre deverá estar na criação da harmonia e na busca do bem coletivo. O maior desafios está em tratar os outros como a si mesmo.“
“Estou convidando a você, líder, a ser um exemplo de líder servidor, com ações alinhadas a propósitos superiores, lastreadas por condutas morais e éticas. Estou convidando você a servir, servir seus pares, seus superiores, seus subordinados, servir seus clientes, seus colegas, à comunidade de forma igualitária. "
fonte:


Agora falarei um pouco da exemplar pessoa que foi Gandhi:

Nonviolence is the greatest force at the disposal of mankind. It is mightier than the mightiest weapon of destruction devised by the ingenuity of man."
"A não violência é a maior força à disposição da Humanidade. Ela é mais poderosa que a mais poderosa das armas de destruição concebida pela ingenuidade do Homem."

Sua vida

Descendente de Brahmanes, de sua infância em Porbandar Gandhi registra em sua autobiografia a freqüência aos locais sagrados e de prece com a mesma naturalidade do registro de episódios corriqueiros e cotidianos. A religião de seus ancestrais lançava profundas raízes em seu coração. Casou-se, a exemplo de todos de sua casta e Nação àquele tempo, ao final da infância com uma prima, também saindo da infância, Kasturbai.
Adulto, parte para estudar direito em Londres, formando-se em 1891 e regressando a sua terra para praticar a profissão. Dois anos depois vai, a convite, para a África do Sul, onde trabalha com uma empresa hindu e faceia as primeiras dificuldades diante do poderoso Império Britânico, que domina as Nações do mundo no século XIX e primeiros lustros do XX com o mesmo poder e descaso para outros povos com que o Império Ianque hoje.

A luta pela libertação da Índia

Em 1914 regressa à Índia em definitivo e dá início à sua luta pela independência da dominação britânica que já dura quase 3 séculos e, com igual vigor, pela Tradição de sua gente, em grande medida contaminada e fragilizada diante da infecção capitalista.
Como líder político e espiritual da Índia soube utilizar-se engenhosamente de toda a Tradição para reerguer o orgulho de sua gente, abalado pela dominação e deu muito que pensar àqueles que se consideravam “superiores” e por isso dominavam. Este sempre foi e segue sendo o discurso do dominador: uma pretensa “superioridade” que, ao fim e ao cabo demonstra-se circunscrever ao campo da belicosidade e ponto final. Gandhi centra sua luta na busca de demonstrar a superioridade moral dos hindus sobre seus dominadores britânicos e, assim, reaviva a mente de seus conterrâneos quanto a 2 ensinamentos, tão antigos quanto o hinduísmo: A-HIMSA – Não violência ou, como Gandhi preferia dizer, “Persistência pela Verdade” e SATIAGRAHA – Viver em santidade.
Tomemos a não violência. Gandhi pregava a resistência pacífica (não confundir com passiva; a não violência deve ser ativa e provocativa!). Não concordar em se submeter ao mal e estar disposto a dar até a vida se necessário for, para provar que está do lado do que é justo, bom e correto. Foi assim que, de demonstração maciça em demonstração maciça, o Império Britânico comprovou muitas vezes a superioridade moral daquele povo oprimido e dominado.
A famosa “Marcha para o Sal” foi um ponto de inflexão decisivo. Os Hindus, moradores da região banhada pelo Oceano não por acaso chamado de Índico, eram proibidos de produzir sal. O sal utilizado no cotidiano de todas as famílias tinha o fluxo, a produção e a circulação, monopolizadas pelos britânicos. Gandhi ensina os hindus a desobedecerem a esta sandice. Do centro da Índia, em 1930, faz saber ao Primeiro Ministro Britânico que se dirigiria ao mar para produzir sal num gesto de desobediência civil, ativa, provocativa e contudo pacífica. Foi acompanhado de um pequeno grupo e a este se foram agregando cada vez mais significativas massas humanas. Ao fim, a história registra que milhares de pessoas andaram mais de 320 Km a pé. Este contingente imenso de seres humanos chega à praia e começa a fazer sal. Qual o problema? O povo da Índia vai à praia banhada pelo Oceano Índico fazer sal para o seu consumo. O que têm os britânicos a ver com isso?
O controle do sal estava na raiz do controle de toda a economia hindu pelos britânicos. Tão logo Gandhi começa a fazer sal e ser imitado a dominação é colocada em xeque. Os ingleses já não controlam os indianos. Estes estão prestes a tomar seu destino em suas próprias mãos.
Outros fatores contribuem para a emancipação do povo hindu de maneira diferente daquela desejada por Gandhi que, mais de uma vez, fez um “jejum até a morte” para protestar contra a dominação britânica e pedir paz a seu povo. Em momentos considerados cruciais para a economia britânica Gandhi convocava o povo a “jornadas de jejum e meditação” – na prática ninguém trabalhava, mas Gandhi jamais falava ou mesmo pensava na palavra “greve”. A expressão apropriada dentro da Tradição hindu para o que se estava fazendo era “Jornada de jejum e meditação”.

Pensamentos de Mahatma Gandhi

O desejo sincero e profundo do coração é sempre realizado; em minha própria vida tenho sempre verificado a certeza disto.

Creio poder afirmar, sem arrogância e com a devida humildade, que a minha mensagem e os meus métodos são válidos, em sua essência, para todo o mundo.

Satyagraha - a força do espírito - não depende do número; depende do grau de firmeza.

A minha vida é um Todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns nos outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda a humanidade.

Uma coisa lançou profundas raízes em mim: a convicção de que a moral é o fundamento das coisas, e a verdade, a substância de qualquer moral. A verdade tornou-se meu único objetivo. Ganhou importância a cada dia. E também a minha definição dela se foi constantemente ampliando.

O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo a verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver.

O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo.

Unir a mais firme resistência ao mal com a maior benevolência para com o malfeitor. Não existe outro modo de purificar o mundo.

Não-violência não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria lei do talião - mas em plano moral.

A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros e exige o uso das armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe.

Após meio século de experiência, sei que a humanidade não pode ser libertada senão pela não-violência. Se bem entendi, é esta a lição central do cristianismo.

Quem sabe concentrar-se numa coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao cabo, a capacidade de fazer qualquer coisa.

Odeio o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é "tabu".

O meu patriotismo não é exclusivo. Engloba tudo. Eu repudiaria o patriotismo que procurasse apoio na miséria ou na exploração de outras nações. O patriotismo que eu concebo não vale nada se não se conciliar sempre, sem exceções, com o maior bem e a paz de toda a humanidade.

Uma vida sem religião é como um barco sem leme.

Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias.
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