Trabalho para mesma instituição há 7 anos. Há 1 ano e meio precisei pedir transferência de setor, para que meus horários se adequassem aos da minha filha.
Quando cheguei ao novo setor, passei a ter dificuldades de relacionamento com uma colega de trabalho que estava ali há bastante tempo e era amiga do chefe.
Os funcionários me avisaram logo que a conheci: “Trate de cair nas graças dela ou você será transferida.” Me contaram que ela tinha grande influência nas decisões sobre os funcionários novos e, porque eu realmente pretendia continuar trabalhando lá, passei a fazer de tudo para evitar conflitos.
Evitar conflitos era uma tarefa diária e ingrata, pois a funcionária em questão fazia de tudo para procurar defeito no meu trabalho.
E, quando eu observava um erro dela, ouvia ao meu lado: “É melhor fazer de conta que não viu. Não vá cutucar a onça com vara curta!”.
Assim os meses passaram, eu fui ficando no setor, e o clima entre eu e a funcionária passou a ser de visível perseguição: ela procurando meus erros e eu fingindo que não via os dela.
Confesso que pensei em desistir de tudo e sair de lá. Eu voltava do trabalho tão psicologicamente cansada , tão mentalmente estressada, que só de pensar que no dia seguinte ia ter que ir trabalhar eu já ficava com insônia.
Felizmente, este ano a chefia mudou. Passei os primeiros meses avaliando a situação. Era preciso averiguar se haveria influência sobre o novo chefe, se ele seria alguém apto a resolver conflitos, se ele seria alguém disposto a me ouvir, etc.
Então, o chefe anunciou que este mês faria uma reunião para aparar as arestas do grupo. Percebi que havia uma oportunidade para agir.
Quando a reunião mostrou que não só eu, mas que na verdade todos tinham suas falhas, abri o jogo e perguntei: “Então porque as cobranças caem nas minhas costas como se eu fosse a única a errar? E se eu erro tão raramente, porque tratam meus erros como se fossem a regras, supervalorizando-os?” Dado o horário avançado, a chefia encerrou a reunião e, em outro dia e individualmente, chamou os funcionários para conversar.
Na minha vez, disse que estava preocupada com minha relação com a outra funcionária. Explicou que via em mim um grande potencial que parecia não estar atingindo sua plenitude porque eu ainda não havia conquistado meu espaço no grupo. Disse que acreditava na minha capacidade e tinha plena confiança em me passar alguma tarefa. Apreciava a minha criatividade, minha visão dos problemas e a minha vontade de estar sempre presente e apta para resolvê-los. E acrescentou: “Apesar de todas as suas qualidades, vejo que você se colocou em uma enorme barreira. Por quê?”.
Então, contei-lhe todas as dificuldades que tenho tipo para não entrar em conflito com a outra funcionária. Ao término da minha explicação, ela me perguntou: “ Ela é sua chefe? Então trate-a como uma igual, com os mesmos direitos e deveres. Não cobre os erros dela, pois ela não vai gostar. Apenas relate o ocorrido, dizendo que ela não fez tal coisa, sem analisar os motivos dela. Deixe que ela vá atrás de resolvê-los. Ou não fale nada e espere ela cobrar um erro seu e, então, mostre que outro dia ela também errou. Não peça desculpas sem necessidade. Se ela erguer o tom da voz, não responda no mesmo nível. Mantenha a voz tranqüila e, segura do seu trabalho, continue a conversa. Mostre a ela que você sabe o que está fazendo. Sinto muito se lhe deram tantos avisos quando você chegou. Melhor seria se você descobrisse por si mesma, enquanto construisse suas relações e conquistasse o seu espaço. Agora será mais difícil, mas ainda há tempo!”.
Confesso que essa conversa me surpreendeu bastante. Afinal de contas, era a 1ª vez que alguém dizia “Vai e enfrenta!” ao invés de “Finge de morto!”. Os conselhos foram muito bons, pois além de me mostrar como lidar com a funcionária, me deram algo que há muito tempo eu procurava: apoio.
Eu me sentia sozinha, como que lançada à cova dos leões. Aquela mão amiga veio em ótima hora e de alguém que podia fazer a diferença para o grupo. Sei que sem o apoio da nova chefia as coisas iriam continuar igual ou até piores. Felizmente o sol começou a brilhar entre as nuvens e o meu barquinho já vê que a tempestade há de ter um fim.
Comecei a praticar as recomendações e, pouco a pouco, estou conquistando o meu espaço. Se faço algo certo que a outra funcionária prefere de outra forma, continuo meu trabalho. Nem Jesus agradou a todos e não pretendo enlouquecer para agradar ninguém!
Para concluir, a importante lição que aprendi foi: escute os conselhos nos três primeiros meses, enquanto você avalia a situação e espera terminar o período de experiência. Passado o prazo, lute pelo seu espaço! Porque ninguém vai lhe dar de mão beijada!
Um comentário:
Conviver com algumas pessoas no trabalho as vezes pode ser um problema mesmo. Ano passado tive problemas assim, só q o resultado não foi tão bom, acabei perdendo as substituições em uma escola. Mas esse ano já tá tudo bem.
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