terça-feira, 22 de julho de 2008

60ª SBPC - Mudanças Climáticas e o Brasil: porque devemos nos preocupar

" A influência da humanidade no planeta Terra nos últimos séculos tornou-se tão significativa a ponto de constituir-se numa nova era geológica." - Prof. Paul Crutzen, Prêmio Nobel Química 1995.

Com esta frase, o palestrante Carlos Afonso Nobre, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), começou sua explicação sobre as ações do Homem sobre o planeta nos últimos 200 anos.
Ele ressaltou alguns pontos sobre os efeitos dessa ações:

  1. As mudanças climáticas são reais e irreversíveis

  2. Elas impactam várias regiões e promovem riscos sistêmicos

  3. Elas não podem ser separadas do desenvolvimento

  4. Os desafios não tem precedentes (nunca houve um problema semelhante)
Então, após mostrar um esquema de como ocorre o aquecimento global, Carlos Afonso contou que antigamente, havia cientistas que achavam que isso seria bom, pois viam o aquecimento apenas sob a ótica do seu país, como por exemplo a União Soviética, que achavam que ajudaria a agricultura. Mas, como o aquecimento não ocorre apenas onde está frio, e sim no planeta como um todo, os anos mostraram que ele é mais nocivo do que benéfico. Os maiores impulsionadores do aquecimento global foram o desmatamento e a queima de derivados de petróleo.
E foi feita a pergunta: podemos interromper o aquecimento global?
Será difícil por dois fatores:
  • inércias institucionais

  • inércias físicas
A inércia física ocorre do fato de que o CO2 que já está na atmosfera leva de 100 a 1000 anos para ser retirado de forma natural. Ou seja, o CO2 que já está na atmosfera vai continuar nela por um bom tempo e o quanto o planeta já foi aquecido assim o permanecerá por muitos anos. Os oceanos demoram até 30 anos para adaptar sua temperatura superficial (primeiro um terço) e até 600 anos para suas águas mais profundas.
O degelo superficial da Groelândia está muito mais rápido do que o esperado, estando o urso polar silvestre (os de zoológico seriam os únicos a sobreviver) em risco de extinção. Os corais já estão morrendo. Há de 10% a 15% de chances do degelo ser tão intenso que aumente o nível do mar de forma a inundar a Holanda. Se a temperatura global continuar aumentando, chegando a 4 graus além da atual, ocorreria um processo de savanização da Amazônia, aumentaria a incidência de furacões, inundações (enchentes no período de chuvas), geadas, maior período de estiagem, ou seja, os extremos climáticos se tornariam mais intensos.


A inércia constitucional vem do fato que a emissão de CO2 por uso de combustíveis fósseis e consumo de carvão tem como seu maior representante os EUA, o que aliado ao desmatamento das grandes florestas para extração da madeira, criação de gado e plantio de monocultura deixam o problema global nas mãos de quem toma as decisões políticas, que até então tinham visado o interesse econômico em detrimento do social.


Sob o ponto de vista de outro problema, Gandhi já havia dito: "Earth provides enough to satisfy every man's need, but not every man's greed". Sua visão encaixa-se perfeitamente no problema em questão, onde os países ricos alimentam a sua sede de riqueza e poluem o planeta, enquanto os países pobres, principalmente os africanos, que foram os que menos contribuíram para as mudanças climáticas serão os que mais sofrerão de fome, sede e doenças.



Mudanças climáticas e sua repercussão no Brasil
  1. A seca no Nordeste se intensificará e tornará a agricultura ainda mais difícil

  2. Várias espécies nativas entrarão em extinção

  3. O aumento de temperatura aumentará a área de proliferação do mosquito da dengue e a doença será uma epidemia nacional

  4. Savanização da Amazônia

Enquanto a China emite 85% de CO2 pelo uso do petróleo, o Brasil tem a sua maior porcentagem em torno de 65% pelo desmatamento. O que leva os brasileiros a pensar: como conciliar nossas necessidades de desenvolvimento com a sutentabilidade?

Devemos deixar a visão do antropoceno, onde o homem é o centro, para passarmos por uma evolução ética, onde uma ética planetária nos guiaria através de ações responsáveis do homem sobre a manutenção do planeta. O uso mais sábio dos recursos naturais poderia tornar o Brasil o 1º país tropical desenvolvido. É um momento em que não há modelos a copiar: é preciso inventar. E, quem sabe, depois exportar as soluções.



fonte da imagem e mais sobre efeito estufa:
http://wwwp.fc.unesp.br/~lavarda/procie/dez14/luciana/index.htm


Estudos apontam que ação do homem inicia nova era geológica - Cientistas chamam fase de Antropoceno, que teria começado com a Revolução Industrial:

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=54111

O planeta em frágil equilíbrio - Livro apresenta impactos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade do planeta:

http://cienciahoje.uol.com.br/107448

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) e suas conclusões:

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI2072927-EI8278,00.html

Um comentário:

Bárbara Stracke disse...

Olá!!!

Isso é imensamente preocupante, mas a minoria se importa. e mais da metade que se importa, nada faz, por achar que a minoria não resolve nada!

um absurdo.

Esses dias esttive refletindo sobre a questão de reduzir para reciclar.

Pois a reciclagem deliberada, consome enregia e tbm polui, além de enriquecer os que já nadam em dinheiro.

Vivo divulgando essas coisas e cuidando da mehlor maneira possível. Mas muitos zombam e outros eu qyero socar, pela ignorância!!!

Se importar é fazer algo!

Vc não pode tirar nada da natureza, sem que ela não cobre de volta.
As pessoas não sabem que são parte dela. e envenenam-se inconseqüentemente.

bjz