Estupro é uma violação ao corpo e à mente executada de uma maneira tão drástica que é abominável saber que ainda ocorre, mesmo que a humanidade esteja tão evoluída em vários outros aspectos.
Trabalho em um hospital e hoje havia uma paciente com múltiplos hematomas faciais por ter oferecido resistência ao seu estuprador. Muitos são os estupros que são acompanhados por espancamentos e inúmeros são os casos das vítimas que falecem.
Pesquisei pelo Google em busca de índices palpáveis e vários sites me informaram outro fato: muitos estupros não são notificados!
No site Cosmo On Line, há uma matéria sobre a violência no estado de São Paulo, que diz:
"A subnotificação na Capital e na região metropolitana de São Paulo seriam, na opinião de analistas, o motivos para o interior superar a metrópole nas ocorrências policiais de furto e estupro.
Segundo a delegada Márcia Salgado, responsável pelo setor técnico de apoio às Delegacias de Defesa da Mulher, os altos índices de estupro no interior estariam vinculados ao fato de as mulheres na Capital e na região metropolitana de São Paulo terem maior receio em notificar os casos.
"A grande maioria dos estupros em São Paulo são casos de violência doméstica, praticada muitas vezes pelo próprio marido. Temos constatado que as mulheres no interior têm mais disposição de denunciar esses crimes do que as da Capital e da região metropolitana", disse.
http://www.cosmo.com.br/especial/violencia/vio3.shtm
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a África do Sul é o país onde ocorre o maior índice de estupro no mundo. No site da ONU, obtive a informação:
"(...) dados de vários países mostram que, em algum momento de suas vidas, entre 10% e 60% das mulheres sofrerão violência física nas mãos de seus parceiros, e entre 20% e 75% sofrerão abuso emocional. Mais de 20% das mulheres serão vítimas de violência sexual."
http://www.onu-brasil.org.br/view_news.php?id=4983
Há mais dados estatísticos da OMS (Organização Mundial da Saúde) no Portal da Violência contra a Mulher:
http://www.patriciagalvao.org.br/apc-aa-patriciagalvao/home/noticias.shtml?x=75
Uma vez fui assaltada por dois bandidos. O que segurava a arma propôs ao outro que aproveitasse o fato do sol ainda não ter nascido e que a rua estava deserta. Era 6:00 da manhã e eu estava indo ao hospital trabalhar. Pedi muito para que eles levassem o dinheiro e me deixassem ir embora. Nunca mais esqueci o que senti naquele momento, enquanto os dois discutiam o meu destino. A sensação de fragilidade e impossibilidade de ação é enorme. Você se sente a mercê de uma situação horrível contra a qual não pode agir. Felizmente o estupro não consumou-se. O bandido desarmado apiedou-se de mim e convenceu o outro a me deixar partir. Mas a sensação permanece e até hoje eu evito andar na rua quando escurece ou antes do amanhecer. Evito ruas pouco movimentadas e presto atenção em pessoas em atitudes suspeitas.
Imagine o trauma de quem foi vítima do ato?
Numa sociedade que evolui tanto tecnologicamente, faltam conceitos morais tão básicos...
10 comentários:
Não tive coragem de denunciar. Só de pensar no que os meus pais sofreriam. Fiquei uma hora no banho tentando limpar algo que jamais saiu.
Sinto-me muito idiota. Já aconteceu há 17 anos. Não posso mudar o passado.
Eu era uma garota boba que sonhava em me casar virgem e de repente tudo acabou...
Ele ainda riu... Disse que seria bom para eu aprender.
Hoje estou casada, mas detesto sexo. Já até pensei em me separar só para ficar livre disso.
O pior de tudo é que o problema sou eu. Ele me estuprou uma vez e eu milhares de vezes na minha mente.
Ica, sinto muito pelo seu sofrimento! Esse cara era um idiota, como tantos outros idiotas que fazem isso e ficam impunes. Não sei se o crime já prescreveu ou se você teria interesse de ir atrás desse julgamento, mas independente disso, seria bom você procurar um psicólogo. Quem sabe um bom profissional não a ajudasse a ligar melhor com o que aconteceu e devolvesse um pouco da sua paz interior?
Obrigada Bel.
Já tentei fazer terapia, mas não aguentei. Doeu demais.
Talvez algum dia eu consiga superar.
Ica, que pena que a terapia não ajudou. Talvez não era a pessoa certa ou não era a hora certa e você ainda não estava pronta para falar.
Quem sabe se você tentar com uma outra pessoa? Alguém com quem você fale de outras coisas da sua vida, possa ir se abrindo aos poucos, até que você sinta que está pronta para tocar no assunto?
Espero que um dia você supere tudo isso e seja feliz!
É muito estranho... O tempo passa, mas parece não passar.
Sou uma tola amarrada ao passado.
Sei que não tem como voltar e nem mudar o que aconteceu...
Então, porque sofrer? Ainda sofrer?
Não entendo, apenas sinto
Dizem que o tempo ajuda a diminuir a dor. Mas ninguém disse quanto tempo é necessário para isso acontecer. Algumas dores nos acompanham por mais tempo do que outras. Mas não se ache tola. Não há nada de errado em ter dificuldades para superar um trauma. Você sofreu um grande abalo e, pelo que parece, está tentando superar sozinha. É muito mais difícil dessa maneira e por isso, demora mais. Já conseguiu se abrir com o seu marido?
Já conversei com o meu marido. Na realidade quando lhe contei éramos namorados.
Ele pareceu compreender, mas sempre me diz que sou boba, que deveria ter relaxado e gozado. Acho isso impossível e até ofensivo, mas ele pensa diferente.
Esse comportamento dele me entristesse.
Por ele banalizar o que aconteceu me pedi para contar detalhes e se excita com isso.
Isso tem comprometido o amor que sinto por ele.
Mas talvez isso aconteça porque ainda não curei a minha ferida. Provavelmente o problema sou eu novamente.
Ica, seu marido pode ser uma ótima pessoa, mas não tem tido sensibilidade para compreender o seu problema.
Não é você quem está errada em se sentir mal sobre o assunto e sim ele que deveria respeitar seus sentimentos.
Entendo perfeitamente quando você diz que essa atitude dele tem comprometido o amor que você sente por ele. Se ele não consegue entender algo que é tão importante, eu me perguntaria se ele é a pessoa certa para você.
Muito obrigada.
Tenho pensado em muitas coisas ultimamente...
É bom ter alguém para conversar, principalmente sobre coisas que eu teria muita vergonha pessoalmente.
Muito obrigada.
Ica, se quiser conversar mais e ter mais privacidade, pode me enviar um email: belcrivelli@gmail.com
Geralmente conversar ajuda, mesmo que seja à distância...
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